Estima-se que apenas uma em cada 6 milhões de pessoas faz parte desse grupo sanguíneo.


Casos de pessoas com sangue dourado são tão raros que quase dá para contar nos dedos o número de pessoas já identificadas com essa característica. Desde 1961, quando esse tipo sanguíneo foi descoberto numa mulher australiana, só foram conhecidos 43 casos de sangue Rh nulo. Por ser o tipo de sangue mais raro do mundo, foi apelidado de sangue de ouro.

Quantas pessoas têm o sangue dourado?

Segundo um relatório de 2018, produzido por pesquisadores iranianos do Instituto Superior de Pesquisa e Educação em Medicina de Transfusão, de Teerã, há atualmente 30 doadores identificados com sangue dourado em todo o mundo. O país com maior número de doadores é a China, com 5. No Brasil, há 4 pessoas, duas delas com sangue tipo A e duas com tipo O.

O que causa o sangue dourado

A causa mais comum do sangue dourado é uma mutação genética que promove a alteração da proteína Rh nas hemácias. Estudos indicam que o casamento consanguíneo (ou seja, entre pessoas da mesma família) têm um papel importante no desenvolvimento do sangue Rh nulo.

Em 2018, pesquisadores iranianos do Instituto Superior de Pesquisa e Educação em Medicina de Transfusão, de Teerã, publicaram um caso de uma paciente de 43 anos com sangue dourado. Ela é filha de um casamento consanguíneo.

No Brasil, há o caso de uma menina curitibana, nascida em 2003, cujos avós eram primos. Descobriu-se mais tarde que a mãe e a tia da menina também possuíam sangue dourado.

Desvantagens do sangue dourado

"Sangue dourado" soa elegante, mas quem tem esse tipo sanguíneo corre mais riscos que a maioria da população em situações de vida ou morte.
Possuidores dessa característica rara manifestam enorme rejeição na hora de receber sangue de outras pessoas. Se precisarem de uma transfusão, só poderão receber sangue Rh nulo. Por isso é tão importante saber quem são e onde vivem os integrantes desse grupo pequeno e seleto de possíveis doadores. Além disso, convém que essas pessoas façam reservas de sangue, que podem ser usadas em transfusões futuras para si mesmas ou para outras pessoas.

Outra desvantagem já identificada por especialistas é o fato da pessoa com sangue dourado padecer de anemia crônica, que tem a ver com uma fragilidade das hemácias.

O que caracteriza o sangue dourado?

O que caracteriza o sangue dourado é a ausência total de antígenos Rh nos glóbulos vermelhos do sangue.

Há 49 antígenos no grupo Rh, sendo o mais importante o RhD. Pessoas com o sangue dourado não possuem nenhum antígeno do sistema Rh, incluindo o RhD.

Mas agora você deve estar se perguntando: o que são antígenos? Antígenos são moléculas que cobrem as hemácias e que podem provocar tolerância ou reação imune ao "invasor". Já as hemácias (ou glóbulos vermelhos) são células do sangue cuja maior função é o transporte de oxigênio e gás carbônico.

Para entender do que se trata é preciso analisar a classificação dos grupos sanguíneos.

Os glóbulos vermelhos que formam o sangue estão cobertos de proteínas chamadas de antígenos.
O sangue tipo A tem antígenos A, o sangue B tem antígenos B, o sangue AB tem antígenos de ambos e o tipo O, nenhum dos dois.
Os glóbulos vermelhos também têm outro tipo de antígeno, o chamado RhD, que é parte de uma família formada por 61 antígenos tipo Rh. Quando o sangue tem RhD, é de tipo positivo. Quando não tem, é tipo negativo.

É assim que se formam os tipos de sangue mais comuns:

Tipo A+: grupo A com Rh positivo.
Tipo A-: grupo A com Rh negativo.
Tipo B+: grupo B com Rh positivo.
Tipo B-: grupo B com Rh negativo.
Tipo AB+: grupo AB com Rh positivo.
Tipo AB-: grupo AB com Rh negativo.
Tipo O+: grupo O com Rh positivo.
Tipo O-: grupo O com Rh negativo.

O tipo de sangue é vital no momento de uma transfusão. Se uma pessoa é do grupo negativo e recebe sangue de um doador positivo, seus anticorpos vão reagir ao detectar células incompatíveis com seu sangue, o que pode ser fatal.

O tipo O- é considerado doador universal. Cerca de 9% da população brasileira fazem parte desse grupo. Já o sangue tipo AB+ é o receptor universal. Menos de 3% dos brasileiros possuem esse tipo de sangue. A grande maioria da população faz parte dos grupos O e A, geralmente com Rh positivo.